One Piece, tanto em sua versão de mangá quanto de anime, sem dúvida, ocupa um lugar de destaque no universo dos shonen. No entanto, há uma clara divergência na maneira como alguns personagens são retratados nas duas mídias.
Desde 1999, o anime, produzido pela Toei Animation, tem alcançado um sucesso fenomenal, apresentando a incrível saga pirata de Eiichiro Oda a um público mais amplo. Contudo, não se pode negar que, apesar da sua popularidade, o anime às vezes se desvia significativamente do material original, levando a representações que, por vezes, frustram os fãs mais ardorosos do mangá.
O caso de Edward Newgate, conhecido como Barba Branca, é um exemplo emblemático. Reconhecido como um dos piratas mais poderosos do enredo, ele se destaca no anime pelo seu papel no Arco Marineford, onde sofre uma quantidade impressionante de ferimentos. No entanto, sua representação no mangá é visivelmente mais intensa e gráfica.
A censura no anime diluiu um dos momentos mais cruciais de sua batalha contra Akainu, transformando um golpe devastador que arrancou metade do seu rosto em um mero queimado de bigode. Essa suavização altera a percepção da resiliência e da força bruta de Barba Branca, um detalhe que não passa despercebido pelos fãs mais atentos.
Da mesma forma, Trafalgar Law, um personagem cujo desenvolvimento é central na série, teve sua personalidade rebelde suavizada na transição do mangá para o anime. Sua atitude desafiadora, marcada por gestos obscenos dirigidos a outros personagens, foi completamente censurada no anime. Essa alteração suprime parte de sua essência rebelde, um detalhe que enriquece a complexidade de seu caráter no mangá.
A história de Zeff e Sanji é uma das mais emocionantes em “One Piece”. O anime, embora eficaz em retratar seu relacionamento, omite um detalhe crucial da história de Zeff no mangá: ele come a própria perna para sobreviver, enquanto no anime, ele a corta para salvar Sanji. Esse detalhe aumenta significativamente a intensidade e o impacto emocional da história, mostrando o sacrifício extremo de Zeff e sua influência na vida de Sanji.
Viola é um exemplo de como as diferenças de design e narrativa podem impactar a percepção de um personagem. Enquanto o mangá apresenta uma versão mais equilibrada de Viola, o anime tende a exagerar nas proporções, um problema recorrente na representação de personagens femininas em “One Piece”. Além disso, uma parte significativa de sua história, revelada nas colunas SBS de Oda, nunca foi explorada no anime, o que enfraquece a profundidade e a complexidade tanto de Viola quanto de sua relação com Doflamingo.
Enel é um dos adversários mais fascinantes e temidos de Luffy, principalmente devido à sua aura quase divina e à sua habilidade Rumble-Rumble. No entanto, é intrigante e um tanto decepcionante que, no anime, sua história parece interrompida abruptamente. Para os aficionados do mangá, a trama de Enel continua, revelando suas aventuras na Lua e até um embate com piratas espaciais, o que me faz questionar: por que essa riqueza narrativa é omitida no anime? Será que veremos Enel novamente no enredo principal?
A introdução de Camie e Pappag no anime parece um tanto apressada e superficial. Em contraste, os leitores de mangá já estavam familiarizados com esses personagens há muito tempo, tornando sua aparição no anime um tanto desconcertante. Isso evidencia uma falha na adaptação, onde o desenvolvimento de personagens e suas relações, especialmente a ligação com Hatchan, é melhor explorado no mangá, tornando a história mais rica e coerente.
Kuzan, ou Aokiji, é um personagem cuja introdução no anime me pareceu desconexa e menos impactante. Ao contrário do mangá, onde ele surge de forma marcante no final do arco Long Ring Long Land, alterando significativamente o tom da narrativa. A escolha de ajudar Tonjit no mangá, um personagem com quem os leitores criaram uma conexão, versus salvar estranhos no anime, destaca uma diferença fundamental na construção de seu caráter.
A luta inicial entre Luffy e Kaido é memorável no anime, mas, na minha opinião, é no mangá que a força avassaladora de Kaido é verdadeiramente evidenciada. A brevidade e brutalidade do confronto no mangá ressaltam a imensa força de Kaido e a necessidade de Luffy de se fortalecer, enquanto o anime dilui essa percepção ao arrastar a luta, sugerindo um equilíbrio de forças que não condiz com a realidade.
Franky, interpretado pelo talentoso Kazuki Yao, é um dos personagens mais carismáticos de One Piece. Contudo, é notório que a idade de Yao está afetando sua performance vocal. No arco Wano, por exemplo, a diferença é perceptível, com Franky parecendo ter dificuldades para falar com a mesma intensidade de antes. Essa mudança, infelizmente, impacta a percepção do personagem no anime, evidenciando os desafios de manter a consistência em longas séries animadas.
Luffy, o protagonista, sofreu com as estranhas escolhas da Toei na adaptação do anime. Desde sua introdução, onde uma cena marcante do mangá é omitida, até o confronto final com Doflamingo, o anime tende a diluir a intensidade e a rapidez dos embates de Luffy, muitas vezes diminuindo a percepção de seu verdadeiro poder. Além disso, a ausência de balões de pensamento no anime omite um aspecto interessante da narrativa do mangá, que é a impulsividade de Luffy.
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One Piece é um mangá criado por Eiichiro Oda em 1998 que acompanha a jornada de Monkey D. Luffy, o protagonista que deseja encontrar o tesouro One Piece e se tornar o Rei dos Piratas. O mangá tem mais de 500 milhões de cópias, somando mais de mil capítulos e mil episódios de anime.
No Brasil, o mangá One Piece pode ser adquirido na loja online da Panini. Os novos capítulos são publicados pela Manga Plus e os últimos três podem ser lidos de graça na plataforma oficial de leitura de mangá. Enquanto isso, o anime pode ser conferido completo na Crunchyroll.
Última atualização: 16/06/2024 15:11
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