“Attack on Titan“, um anime que tem seduzido milhões pela sua complexa narrativa e intensidade visual, vive no fio da navalha quando se trata de sua política interna. Ao mergulharmos na comunidade fortificada de Paradis, é impossível não sentir o peso da ameaça constante dos Titãs – esses seres gigantescos e canibais que parecem se deleitar no terror que espalham.
É na juventude marcada pela tragédia de Eren que a série acende a faísca da vingança e do heroísmo distorcido. Ao longo das temporadas, acompanhamos Eren no papel que muitos assumiram ser de herói, mas que com o desenrolar da trama se revela mais complexo. E aqui reside um dos principais pontos de controvérsia de “Attack on Titan”: a linha tênue entre o bem e o mal, e como os protagonistas frequentemente desviam-se dela.
A série não foge a temas pesados como militarismo e imperialismo, e é exatamente essa coragem que a torna tão magnética – e ao mesmo tempo tão divisiva. O criador Hajime Isayama encontra-se no epicentro da tempestade, criticado por suas opiniões que muitos interpretam como reflexos de um passado imperialista japonês. De fato, ninguém está buscando exaltar militarismo em nossa época, e isso faz com que “Attack on Titan” se torne um prato cheio para discussões acaloradas.
Quanto ao arco de Eren, bem, é uma montanha-russa de intenções e moralidade. A série, ao invés de seguir um caminho previsível, dá um salto quase shakespeareano para a escuridão com o chamado “Rumbling”. Eren, de herói, se metamorfoseia em algo vilanesco, e muitos fãs ficaram perplexos – talvez tanto quanto ficariam ao assistir a queda de Walter White em “Breaking Bad”. A conversa de Eren com Armin, revelada em flashbacks, só adiciona mais camadas a essa complexidade.
E, mesmo discutindo se Eren é o herói ou o vilão, o que fica é a imagem perturbadora de sua irmã adotiva, Mikasa, terminando o que ele começou de maneira que muitos acharam desconcertante. O final pretendido – a paz conquistada pelas mãos dos amigos de Eren – parece se perder em uma coda que sugere um futuro onde a paz é tudo, menos garantida.
Essa conclusão, que muitos viram como uma promoção do militarismo, é mais um reflexo da vida real do que um final feliz e sanitizado. “Attack on Titan” não se intimida ao apresentar os militares de Paradis como corruptos, a guerra como um ciclo sem fim e as consequências de ações extremas. Em essência, poderíamos debater que o anime é um manifesto anti-guerra, embora o faça através de um espelho sombrio e muitas vezes confuso.
O “crime” de “Attack on Titan” pode não ser a sua temática ou sua abordagem da guerra e sim o quão ambíguo se tornou. As mensagens críticas podem ter se perdido em meio ao caos, deixando os fãs em um emaranhado de emoções e questionamentos. O anime consegue, com maestria, pintar um quadro de uma realidade onde ninguém é totalmente herói ou vilão, e talvez essa seja a verdadeira beleza – e tragédia – de “Attack on Titan”.
Portanto, aí está porque o final de ‘Attack on Titan’ é tão controverso.
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