O universo dos animes é um fenômeno em constante evolução, com cada temporada trazendo uma enxurrada de novas séries que capturam nossa atenção. No entanto, é curioso notar como a maioria desses animes desaparece rapidamente do radar público, substituídos por novidades na próxima temporada. Uma exceção notável a essa regra é ‘Kill la Kill‘, que conseguiu se firmar como um clássico duradouro, mesmo após o fim de sua exibição. Mas o que realmente distingue um clássico dos demais?
O que torna um anime clássico?
Primeiramente, a popularidade duradoura é um indicativo forte. Ao contrário das tendências passageiras, um anime que mantém sua relevância e apelo ao longo dos anos certamente acertou em cheio em algo, mantendo-se significativo mesmo após o desaparecimento de seu contexto original. Além disso, a originalidade é essencial. Para ser considerado um clássico, um anime precisa inovar, elevando conceitos existentes a novos patamares ou mesmo criando novos gêneros. Outro aspecto crucial é a influência. Um verdadeiro clássico deixa sua marca na indústria, influenciando outros criadores e sendo referenciado em obras subsequentes, mudando assim o zeitgeist e imprimindo seus elementos nas séries que o seguem.
‘Kill la Kill’ se destaca por sua narrativa. A história de Ryuko Matoi, em sua busca por vingança e justiça, transcende o simples enredo de vingança ao destruir e reimaginar tropas de animes de batalha e meninas mágicas. O anime explora temas mais profundos, como a luta adolescente para encontrar seu lugar no mundo e formar um senso próprio de certo e errado, especialmente em ambientes que valorizam a conformidade. Isso é refletido através do humor exagerado e do tom surreal da série, que captura o turbilhão da adolescência.
Visualmente, ‘Kill la Kill’ é uma obra-prima. A série combina vários estilos visuais, formando uma estética única que mistura desenhos animados tradicionais, a exageração característica dos mangás clássicos, animação simbólica moderna e a ação explosiva dos shonens populares da época. Essa identidade visual é tão marcante que qualquer quadro da série, mesmo fora de contexto, é imediatamente reconhecível como parte de ‘Kill la Kill’.
O uso de fan service em ‘Kill la Kill’ é, sem dúvida, um dos seus elementos mais controversos, mas também memoráveis. Embora inicialmente pareça excessivo, com uniformes reveladores e transformações escancaradas, a série usa isso como uma desconstrução inteligente. O fan service em ‘Kill la Kill’ aborda o terror inerente de se expor em um mundo que frequentemente não nos aceita, discutindo como o corpo é politizado e a moda usada como ferramenta para reforçar normas sociais e marginalizar certos grupos, alinhando-se com a temática mais ampla do anime sobre fascismo e dinâmicas sociais.
O Legado Insuperável de “Kill la Kill”
Na minha opinião, “Kill la Kill” não é apenas um clássico no mundo dos animes; é uma obra que redefiniu o gênero. Sua influência é palpável, sentida não só nas tentativas de outras séries de emular seu estilo, mas também na maneira como elas falham em capturar sua essência única. O que torna “Kill la Kill” excepcional é a habilidade de homenagear e, ao mesmo tempo, desconstruir clichês do gênero. A série pega emprestado de ícones como “FLCL” e “Sukeban Deka”, mas o faz de uma maneira inovadora, resultando em algo totalmente original. Ela transcende a mera soma de suas partes, emergindo como uma entidade única e inigualável no universo do anime.
É inegável que “Kill la Kill” deixou uma marca indelével na indústria de anime. Muitos veem o lançamento do programa em 2013 como um divisor de águas, uma entrada em uma nova era para o meio. A série não apenas agitou os gêneros estabelecidos, mas os desconstruiu e reconstruiu de maneiras que expandiram seus horizontes. A liberdade criativa e a experimentação que “Kill la Kill” introduziu permitiram que produções subsequentes explorassem novos territórios, desde o trabalho posterior do estúdio Trigger, como “Darling in the Franxx” e “SSSS.Gridman”, até obras de outros estúdios como “Space Dandy” e “One Punch Man”.
Além disso, a influência de “Kill la Kill” pode ser vista em sua estética visual. O programa estabeleceu um precedente para um estilo de anime mais moderno e dinâmico, que oscila entre o realismo fiel e o surrealismo total, conforme necessário. Este aspecto visual foi claramente uma fonte de inspiração para muitas séries que vieram depois.
“Kill la Kill” é, sem dúvida, um anime clássico – não apenas por sua execução artística, mas também por seu significado cultural. O programa continua tão inventivo e cativante hoje quanto no dia de seu lançamento. Ele oferece uma experiência rica e empolgante para novos fãs de anime, inclusive para aqueles que não eram sequer nascidos quando foi lançado. Mais do que isso, “Kill la Kill” mudou drasticamente o curso da indústria de anime, pavimentando o caminho para muitas séries que vieram depois e consolidando-se como um marco, uma verdadeira lenda no mundo do anime.
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