Quando “Naruto” estreou, todos achavam que iam acompanhar as peripécias divertidas de Naruto Uzumaki, o garoto encrenqueiro de Konoha. Mas o que começou como algo leve rapidamente se transformou em uma narrativa cheia de tensão sobre guerras, política e o triste destino das crianças transformadas em soldados. Naruto logo descobre que a vida de um shinobi está longe de ser uma aventura despreocupada; é uma responsabilidade pesada que muitas vezes custa a paz e a vida dos jovens.
O primeiro grande choque para Naruto e para o público foi a invasão de Orochimaru e a consequente morte do Terceiro Hokage, Hiruzen Sarutobi. Esse evento não só mostrou o lado sombrio de ser um ninja, mas também introduziu a Akatsuki, um grupo de vilões fascinantes que dividiu opiniões. Eles eram vistos como terroristas, mas alguns fãs começaram a questionar se suas intenções de longo prazo justificavam seus métodos radicais.
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A Akatsuki: De símbolo de esperança a pesadelo
Originalmente, a Akatsuki era um grupo com um ideal nobre. Fundada por Yahiko durante a Terceira Guerra Mundial Shinobi, a organização tinha como objetivo espalhar a paz e unir pessoas contra a violência. Yahiko, junto com seus amigos Nagato e Konan, queria usar sua experiência com a dor, a pobreza e a solidão para proteger os inocentes e acabar com os conflitos entre os grandes países shinobi. Sob a orientação de Jiraiya, eles sonhavam em ser símbolos de libertação.
Infelizmente, a manipulação por Obito (disfarçado de Madara Uchiha) e os irmãos Zetsu transformou seus ideais pacifistas em ferramentas para um plano mais sinistro. Eles foram enganados a reunir as Bestas com Cauda para um esquema que visava ressuscitar Kaguya e impor o Tsukuyomi Infinito ao mundo. Apesar das boas intenções, a realidade cruel das nações shinobi, indiferentes ao sofrimento causado pelas guerras, acabou por desvirtuar o movimento de Yahiko.
A Akatsuki queria ser uma força para o bem, mas a desconfiança de figuras como Danzō e o ciúme de Hanzō levaram a uma traição devastadora. Eles atacaram a Akatsuki, capturaram Konan e forçaram Yahiko a um fim trágico. A situação piorou quando Tobi e Zetsu eliminaram os demais membros, destruindo qualquer esperança de um futuro pacífico. Nagato e Konan, os únicos que restaram, perderam a fé na humanidade e adotaram uma postura muito mais sombria, marcando o fim de uma era de ideais nobres para a Akatsuki.
A virada da Akatsuki: Força sobre diplomacia
A nova fase da Akatsuki sob o comando de Nagato trouxe uma abordagem mais agressiva. Ele reuniu os mais temidos vilões com um único objetivo: subjugar o mundo ao medo para alcançar a paz. A diplomacia foi deixada de lado, substituída pela ideia de que a paz poderia ser alcançada pela força bruta. O derramamento de sangue era visto como um preço necessário para garantir um futuro pacífico. Esta nova Akatsuki era composta por mercenários sem escrúpulos, especialistas em manipulação de mercados e mestres da intimidação, agindo sob a premissa de que o fim justificava os meios.
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Nagato usou sua visão única e seus poderes do Rinnegan para tentar erradicar a corrupção e acabar com os ciclos de violência, mas seu caminho escolhido foi permeado de contradições. A ideia era usar as Bestas com Cauda como armas supremas para forçar o mundo a um estado de paz forçada, mas essa estratégia logo se mostrou falha. Naruto, no entanto, conseguiu enxergar o que Nagato e Konan realmente queriam e, em um momento decisivo, convenceu Nagato a se redimir, revivendo as vítimas de seus ataques a Konoha.
Esse encontro foi um divisor de águas para Naruto, que passou a entender a complexidade da história shinobi, marcada pela opressão e pelos ciclos de vingança. Konoha, apesar de ser sua casa, não estava livre de culpa, tendo contribuído para a criação de inimigos e para a perda de humanidade de muitos ninjas. A empatia de Naruto por Nagato mudou o curso da história, embora Konan acabasse sendo uma vítima trágica dessa guerra de ideais.
O fim não justifica os meios
Apesar das boas intenções iniciais, a Akatsuki se desvirtuou completamente, tornando-se uma força de opressão semelhante àquelas contra as quais pretendia lutar. A organização nunca conseguiu se desfazer da imagem negativa, mesmo com membros que, por razões pessoais ou manipulação, se juntaram à causa. Figuras como Orochimaru e Itachi tiveram seus próprios motivos para se infiltrar no grupo, mas o legado da Akatsuki já estava irremediavelmente manchado.
A história da Akatsuki é uma lembrança de que a linha entre herói e vilão pode ser tênue e que os meios utilizados para alcançar um objetivo podem desvirtuar a nobreza desse objetivo. A tentativa de Shin Uchiha de reviver a Akatsuki em “Boruto” mostra como as interpretações errôneas dos ideais podem levar a novos ciclos de violência. A Akatsuki representa essa dualidade, o conflito entre a busca pela paz e os métodos escolhidos para alcançá-la, encapsulando a complexidade das lutas shinobi em um mundo onde o bem e o mal são frequentemente indistintos.
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