“Attack on Titan” encerrou seu ciclo após uma década alternando entre estúdios de anime, e parece que a produção optou por uma abordagem conservadora ao manter as grandes linhas do desfecho igual ao mangá, com nuances aqui e ali. Isso pode ser uma decepção ou um alívio, dependendo de quem pergunta.
Para aqueles de nós que mergulharam nas páginas do mangá e acompanharam o anime, o paralelo das narrativas é reconfortante, mas também deixa pouco espaço para surpresas. A questão é: um final de uma saga tão complexa deveria ousar mais ou a consistência é o melhor caminho?
Eren, com sua nova magnitude como Titã Fundador, inaugura um cenário apocalíptico e universal com o “Rumbling”. A jornada até esse ponto é visceral e o questionamento ético é inequívoco. Seus ex-aliados, confrontados com um genocídio em massa como solução, enfrentam o paradoxo clássico da segurança versus moralidade.
É difícil não se pegar ponderando sobre o que faríamos em seu lugar. A recusa deles em aceitar tal extremismo como resposta é uma escolha nobre, mas será que é realista dentro do contexto que “Attack on Titan” estabelece? A série não se esquiva de mostrar que, às vezes, as intenções mais nobres são pavimentadas em sacrifícios atrozes.
A narrativa não hesita em sacrificar seus heróis – a morte de Hange é uma prova disso. A caminho de confrontar Eren, a tensão e o desespero são palpáveis. Este não é apenas um conto de superação e coragem, mas também uma elegia para aqueles que caíram. A Aliança Global, formada de aliados inesperados, representa um último fôlego da humanidade em sua diversidade e desespero, mas também questiona a nossa própria percepção de união diante do inimaginável.
A estratégia dividida da Aliança Global, enquanto luta contra os ex-titãs que retornam das cinzas do passado, é emocionante, mas traz à tona uma reflexão: por que estamos tão fascinados por conflitos onde antigos amigos se tornam inimigos? Quando Armin encontra Zeke na dimensão dos Caminhos, há um diálogo metafísico que se abre. Armin usa a compaixão como arma, não somente como uma estratégia, mas como um testamento filosófico de que a humanidade tem algo a oferecer além da destruição. A pergunta que permanece é: a compaixão é realmente uma solução viável ou apenas um ideal inatingível em seu mundo?
A tensão do confronto final é quase insuportável. A aliança entre vivos e mortos contra Eren se desdobra em uma coreografia de reviravoltas onde cada momento é crucial e cada sacrifício é sentido. Quando os Titans de Eren finalmente param e a ameaça do Rumbling parece terminar, o alívio é quase tangível. Mas, isso nos leva a questionar: o custo dessa vitória foi justo?
O Crepúsculo de Eren e Mikasa
Por fim, o relacionamento de Eren e Mikasa se despede em uma mistura de tragédia grega e redenção shakespeariana. Mikasa enfrenta a derradeira decisão entre a paixão e a razão, entre um futuro utópico imaginado e a cruel realidade. A força de sua determinação, simbolizada por um beijo final, é uma cena que ficará gravada na memória dos fãs por muito tempo. Este momento é um verdadeiro teste para os fãs: é possível justificar tais atos finais sob o peso do amor e da necessidade?
Enquanto alguns podem ver o fim de “Attack on Titan” como uma traição às complexidades estabelecidas em sua narrativa longa e rica, outros podem argumentar que é uma conclusão lógica para um conto repleto de cinismo e brutalidade. Independentemente da perspectiva, é inegável que o final é um espelho que reflete nossos próprios confrontos com dilemas morais, sacrifício e o preço da paz.
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