Dragon Ball Z: A morte perdeu todo o significado na série?

Quem acompanha o universo dos animes, especialmente os do tipo shonen de batalha, sabe bem que a morte de um personagem costuma ser um daqueles momentos de tirar o fôlego.

É aquele ponto de virada que mexe com tudo: desenvolvimento de personagem, avanço da trama, uma verdadeira reviravolta no que a gente esperava que acontecesse. Agora, pegue Dragon Ball Z, essa série que praticamente todo mundo conhece, baseada no mangá Dragon Ball de Akira Toriyama. Sim, essa mesmo, onde até o Goku, o cara principal, bate as botas.

Acontece que, por mais que pareça meio fora da curva para um anime de batalha shonen, foi justamente essa pegada de “morrer-voltar-morrer-de-novo” que fez com que a morte, em Dragon Ball Z, fosse vista mais como um contratempo do que realmente um ponto final.

Vários dos personagens principais morreram e foram revividos tantas vezes ao longo da série, que, no final das contas, a morte meio que perdeu seu peso e significado.

O significado da morte em séries shonen de batalha

Normalmente, em histórias de todos os tipos, a morte é aquela linha de chegada definitiva. Raramente alguém que morre volta para contar história, e a morte de um personagem fictício costuma ser encarada com uma seriedade bem próxima da realidade. Em séries de batalha shonen, então, a morte é um lembrete constante do perigo que ronda os protagonistas.

Geralmente, os vilões tremem só de pensar na morte, e o fim da linha para muitos heróis é justamente encarar essa realidade de frente. Às vezes, a morte até serve para dar um gás na motivação dos personagens, seja por vingança ou um senso de justiça.

Nesse cenário, a morte pode tanto ser o empurrão para a jornada do herói quanto o combustível para seguir em frente. Lembra daquela vez que o Gohan liberou todo seu poder quando o Piccolo morreu? Ou a primeira vez que o Goku virou Super Saiyan depois que o Kuririn morreu? Pois é, a morte tem seu papel.

A virada das Esferas do Dragão

Aí que Dragon Ball Z muda a regra do jogo. No mundo de Dragon Ball, as coisas funcionam de um jeitinho diferente, graças às Esferas do Dragão que realizam desejos.

Isso quer dizer que, se você juntar todas as sete, pode simplesmente desejar que alguém que morreu volte à vida. No começo, até que tinham umas regrinhas para controlar isso, tipo não poder reviver alguém mais de uma vez. Isso era para evitar que a morte virasse algo banal, mantendo o peso de um adeus definitivo.

Elementos do enredo ou lacunas convenientes?

Mas aí veio a Saga Namek e a Saga Freeza, e as Esferas do Dragão ganharam ainda mais destaque. A galera foi para Namek atrás das esferas para reviver uma porrada de gente. E esse rolê todo foi crucial até para a transformação do Goku em Super Saiyan pela primeira vez.

No final das contas, todo mundo que o Freeza e seus capangas mataram voltou à vida, criando um precedente para “limpar a bagunça” deixada pelos vilões em sagas futuras. Isso meio que abriu a porteira para usar as esferas como solução para quase tudo, incluindo trazer de volta quem o Cell matou.

Um final complicado para a saga final de Dragon Ball Z

Chegando na Saga Majin Buu, a maioria do elenco principal já tinha ido e voltado da terra dos mortos umas boas vezes. O Goku, por exemplo, ficou morto de boa por sete anos, até ganhar um passe livre da Dona Morte (Fortuneteller Baba) para dar um rolê na Terra por um dia.

Essas manobras para trazer o pessoal de volta à vida só fizeram a ideia da morte parecer ainda mais irrelevante, especialmente quando Majin Buu virou a Terra do avesso. A galera já contava com as Esferas do Dragão para arrumar tudo de novo, o que meio que tirou o peso da situação, mesmo com a vida de todo o universo na balança.

Ao fim e ao cabo, a forma como Dragon Ball Z lidou com a morte foi meio que um “vale a pena ver de novo” eterno. As regras que antes limitavam quantas vezes alguém podia morrer e voltar foram chutadas para escanteio na Saga Majin Buu, deixando a morte mais como um inconveniente passageiro do que qualquer outra coisa.

E isso, claro, se estendeu para Dragon Ball GT e Dragon Ball Super, mas foram os acontecimentos de Dragon Ball Z que realmente diluíram todo o significado da morte na série.

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