Criador de Dragon Ball expôs as maiores falhas da indústria de mangá

Em uma conversa reveladora com Akira Toriyama, a mente criativa por trás de “Dragon Ball“, emergem detalhes sobre o desgaste físico enfrentado por mangakás. A entrevista, realizada em 2018 para celebrar o aniversário de 50 anos da “Weekly Shonen Jump”, contou também com Takehiko Inoue, conhecido por “Slam Dunk”. Ambos compartilharam experiências de seus inícios na carreira, destacando um quadro preocupante da indústria.

A conversa trouxe à tona o episódio em que Toriyama, acometido por tendinites, recebeu de Kazuhiko Torishima, seu primeiro editor, a demanda para produzir dois capítulos em uma semana, mas isso era demais para o Toriyama. A resposta de Torishima à incapacidade de Toriyama foi minimizar a gravidade da situação, sugerindo que se ele conseguisse escrever seu nome, poderia continuar a desenhar mangás.

“Respondi que mal conseguia mover as mãos devido aos tendões inflamados. [Torishima] me disse para tentar escrever meu nome e eu disse: ‘Claro que posso escrever meu nome!’ Então ele disse ‘Se você consegue escrever seu nome, então você consegue desenhar mangá!’ Que tipo de lógica é esta?!” –Akira Toriyama

A indústria do mangá, notória por suas exigências extremas, parece cobrar um preço alto. Artistas renomados como Eiichiro Oda e Tite Kubo enfrentaram sérias consequências de saúde devido à carga de trabalho excessiva. Kentaro Miura, por exemplo, faleceu em 2021, com sua morte sendo parcialmente atribuída ao estresse e às horas infindáveis de trabalho.

Apesar das risadas na entrevista, a normalização da exaustão e da pressão por parte dos artistas de mangá é alarmante. A mentalidade de que a adversidade forja o caráter, aliada à cultura japonesa do excesso de trabalho, parece perpetuar um ciclo nocivo. Contudo, há sinais de mudança, com artistas optando por formatos de publicação que demandam menos dos seus corpos e mentes.

Ainda assim, a admiração e o respeito entre artistas como Toriyama e Inoue não mascaram o fato de que a indústria precisa se adaptar para proteger a saúde e o bem-estar dos criadores, garantindo que talentos futuros possam brilhar sem sacrificar sua saúde.

Sair da versão mobile