É impossível não se abalar emocionalmente com a evolução da saga de Naruto até o seu enredo atual em “Boruto”.
A morte de Kurama, a Raposa de Nove Caudas, foi um tapa na cara, não apenas para o personagem-título, mas também para todos nós que o acompanhamos ao longo das eras.
Este não é apenas mais um “plot twist” – é um divisor de águas que coloca a vida de Naruto, tal como a conhecemos, em uma balança delicada.
A morte de Kurama foi um alerta para Naruto
A morte de Kurama, um dos elementos mais icônicos do universo de Naruto, eleva a narrativa para novos patamares de complexidade e maturidade. No entanto, há uma certa ironia inescapável aqui. Naruto, um herói que sempre se destacou por sua perseverança e capacidade de superar adversidades, agora se vê confrontado com sua própria vulnerabilidade.
Aquele que já foi uma força quase divina agora está mais humano do que nunca, e isso mexe com ele. Após perder o poder da Kurama e perceber o quão fraco ficou, Naruto admite se sentir um “trapaceiro“, como se ele tivesse usando um “cheat” o tempo todo. E isso é quase um golpe abaixo da cintura para um personagem cujo mantra era “Eu vou me tornar Hokage, não importa o quê.”
O choque de Sarada ao ver que Naruto sobreviveu sem Kurama é um espelho dos sentimentos dos fãs. E, vamos ser honestos, a sensação é de que algo foi irrevogavelmente perdido. Naruto não é mais o mesmo e isso é aterrorizante tanto para ele quanto para a aldeia que sempre contou com sua força. A ausência do chakra de Kurama é um buraco que nem o mais potente jutsu pode preencher. É uma perda que questiona não apenas suas habilidades, mas também seu próprio senso de identidade.
Naruto, ao repreender Boruto por trapacear nos exames ninja, pode parecer hipócrita aos olhos de alguns, mas eu enxergo uma complexidade emocional nisso. Naruto é um homem que teve que batalhar por cada centímetro de respeito que conseguiu, enquanto seu filho teve uma infância muito mais confortável. Isso ressalta o abismo emocional entre pai e filho, e torna o julgamento de Naruto ainda mais agridoce. Afinal, se ele se sente como um trapaceiro agora, imagina como se sente ao ver seu filho, que tinha todas as vantagens, cortando caminhos?
Ao refletir sobre a morte de Kurama, é também impossível não pensar no que isso significa para o futuro. Já não é mais apenas sobre Naruto; é sobre todo o legado que ele deixa para a próxima geração. Boruto e seus companheiros têm agora a responsabilidade de um mundo que é, subitamente, muito mais instável e perigoso. E isso me faz questionar: Naruto conseguirá enfrentar este novo mundo desprovido de sua antiga força? Ele sempre foi um herói que superava expectativas. Agora, porém, ele está no território desconhecido da dúvida e da vulnerabilidade, e isso é perturbador, mas também profundamente humano.
Na verdade, há um lado agridoce nessa tragédia toda. Naruto e Kurama, uma vez forçados a coexistir, tornaram-se aliados, amigos e, ousaria dizer, irmãos. E no ato final de Kurama, essa irmandade foi selada de uma forma que transcende a vida e a morte. Sim, Naruto se sente incompleto, talvez até quebrado, mas ele não está derrotado. E isso, meu amigo, é a beleza dolorosa dessa narrativa. Ele e Kurama salvaram um ao outro inúmeras vezes, e essa aliança deixou um legado que vai muito além do chakra ou de quaisquer habilidades ninjas. É o legado de uma amizade genuína e do sacrifício mútuo. E isso, para mim, é o verdadeiro núcleo desta história.