A controvérsia em torno do arco Long Ring Long Land em “One Piece” é algo que sempre me intriga. Popularmente conhecido como o patinho feio entre os diversos arcos da série, tenho a impressão de que há mais nesta parte da saga do que meras excentricidades e diversão descartável. De facto, esta seção tem seus defeitos, mas considero-a injustiçada no julgamento dos fãs.
Primeiramente, entendo o apelo à classificação de Long Ring Long Land como um “enchimento de cânone”, mas vejo isso como uma espécie de descanso lúdico entre sagas densas e emocionalmente carregadas como Skypeia e Water 7. Há algo na sua leveza e humor que capta a essência de “One Piece”: a aventura pela aventura, o riso pelo riso. E, honestamente, a tal luta de boxe é uma das cenas mais memoráveis e distintas da série.
Agora, é fácil descartar os jogos e as loucuras que se desdobram neste arco como pura palhaçada, mas um olhar mais meticuloso revela a semente de ideias significativas. Por exemplo, a noção de “inundações regularizadas” e o intrigante Davy Back Fight, são conceitos que eu não descartaria tão rapidamente quanto alguns fãs. Estes elementos têm o potencial de se entrelaçarem com os futuros desenvolvimentos da narrativa de maneiras que podemos apenas especular, mas que são, sem dúvida, excitantes de contemplar.
Consideremos a ilha de Long Ring Long Land — esse peculiar pedaço de terra que surge e desaparece com as marés do mundo de “One Piece”. É fascinante considerar que lugares como Laugh Tale possam compartilhar esse comportamento, emergindo apenas brevemente ao longo de anos ou décadas. A teoria de que o próprio One Piece possa estar escondido em ciclos semelhantes de aparecimento e submersão é uma ideia que não só desafia a narrativa usual dos tesouros perdidos mas também engaja com o misticismo marítimo que é tão central para a série.
Além disso, o Davy Back Fight não é apenas um conjunto aleatório de desafios; pode ser uma prévia da última grande prova que Luffy e sua tripulação devem enfrentar. A possibilidade de o final de “One Piece” ser decidido não por uma batalha cataclísmica, mas por um jogo que testa a força, inteligência e coração dos piratas, é uma reviravolta que estaria bem alinhada com o espírito muitas vezes irreverente e inusitado de Eiichiro Oda.
Em termos da narrativa atual, Long Ring Long Land, com sua extravagância e camaradagem explícita, pode não ser o arco que os fãs amam imediatamente. Contudo, a perspectiva de que esse arco possa ter plantado as sementes para revelações futuras é uma ideia que merece reconhecimento, não desprezo. E enquanto avançamos para o que parece ser o clímax da série, é possível que a importância de Long Ring Long Land se torne mais aparente.
Finalizando, apesar de frequentemente rotulado como o mais odiado, acredito que Long Ring Long Land desafia as expectativas e representa um microcosmo do que torna “One Piece” tão especial: é desordenado, imprevisível e indomável, mas acima de tudo, é uma aventura que celebra a alegria de estar vivo e livre nos vastos e misteriosos mares do mundo. E essa celebração é algo que sempre valerá a pena revisitar, mesmo entre as águas tempestuosas da opinião popular.
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